sábado, 24 de julho de 2010

A Arte de Enganar o Povo

 Relembrando o passado, encontrei um ótigo artigo escrito dois anos atrás, na época das eleições municipais, mas que se aplica muito bem nas eleições deste ano. Antes que alguém pense alguma coisa, nem eu nem o autor do artigo apoiamos qualquer candidato, nem temos a intenção de convencê-lo a votar ou não votar em certos candidatos. É apenas para que leia, pense, e vote com consciência.


A ARTE DE ENGANAR O POVO

Antigamente, quando o mundo era mais ingênuo, a propaganda anunciava somente as qualidades do seu produto. O sabão era bom porque lavava mais branco. A geladeira era a melhor porque, além de gelar bem, era a mais econômica e durava mais. A roupa era boa porque era resistente e mais fácil de passar. O jornal era o melhor porque era o mais objetivo, tinha a melhor diagramação e uma excelente equipe de colunistas.

Hoje já não se vende um produto pelas qualidades intrínsecas dele. A propaganda se especializou em vender sonhos. A pessoa torna-se cliente de um banco não porque as suas taxas são mais baratas, seu atendimento é mais rápido e menos burocrático, mas porque é o banco “feito para você”. Você não compra um sabão em pó, você consome “o branco que devolve a alegria da infância”. Você não toma um simples refrigerante, você experimenta “uma nova sensação”. A sua pasta de dente não é escolhida pela sua eficácia, mas porque “é o gosto da vitória”.

Acontece o mesmo com a política. Em anos eleitorais, muitos candidatos saem dos seus partidos (senti desejo de usar a palavra covis) muito bem retocados pela propaganda. Todos são apresentados como príncipes encantados, mas muitos, quando receberem o beijo do seu voto, se transformarão em sapos matreiros. Aí, será tarde demais, e o nosso povo irá pro brejo mais uma vez.

Em 2Sm 13 a 18, temos o primeiro relato bíblico de um político cínico em plena campanha eleitoral. Se não tivesse vivido nos distantes dias de Davi, poderíamos confundi-lo com muitos dos nossos atuais políticos. Ele tinha uma personalidade marcante e carismática. Além disso, era atraente e simpático. Mas, após subir ao poder, tornou-se um manipulador, impiedoso e imoral. Na sua ambição, apresentou-se como um homem justo, mas logo depois se revelou um homem astuto, vivendo de enganos e egoísmos.

O candidato Absalão se apresentou ao eleitorado ostentando poder. Chegava aos comícios com 50 batedores na frente. Aquilo impressionava, já que muita gente se deixa levar pelo dinheiro, os bens, e as influências do candidato. Se ele já possui poder, muitos acham que está se candidatando pensando no bem-estar do povo, e não por aspirar mais poder. O mote da sua campanha era: “Justiça para todos!” Naquela época, o rei era o juiz. Na sua estratégia para conseguir votos, dizia em comícios: “Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que... lhe fizesse justiça!” E no corpo-a-corpo, ouvia as reclamações das pessoas e prometia mudanças.  Sobretudo, gostava de falar mal do opositor: “Olha, a sua causa é boa, pena que você não tem um rei que lhe ouça”. As pessoas, iludidas, achavam que teriam uma justiça melhor, finalmente. Muito cuidado com os Absalões de hoje que prometem o que não podem cumprir; que só atacam os adversários, e não apresentam idéias e planos exeqüíveis.

Outra estratégia usada para impressionar o povo era a bajulação. Salomão beijava criancinhas, tomava café nas casas, comia nas feiras, elogiava as pessoas, e assim muita gente se sentia  importante. Ele sabia que muitos não conseguem enxergar interesses suspeitos por trás de cortesias aparentes. Mas o golpe de mestre era dado demonstrando religiosidade e devoção. Com um discurso piedoso, ele conseguia votos de pessoas que pensavam colocar no poder alguém comprometido com a sua fé. Como acontece hoje, com a proliferação de inúmeros candidatos evangélicos que estão tão comprometidos com Cristo quanto uma raposa está comprometida com segurança quando é posta para vigiar um galinheiro.

É muito fácil ser iludido pela propaganda. Então, muito cuidado com os Absalões de hoje. Este ano teremos eleições (municipais, no artigo original). Não vote num sonho.  Com seu voto você pode tirar os malandros que já estão no poder, e evitar que outros espertos assumam a sua vaga.

Pr. Renato Cordeiro de Souza

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