sexta-feira, 11 de março de 2011

Crônica Nerd #2: A Maior Invenção de Todos os Tempos - Parte 2/4


[Leia a Parte 1]

 No dia seguinte, Túlio levantou cedo, se arrumou e foi para o trabalho. Ele trabalhava em uma grande loja de informática, e era um dos responsáveis pela área de manutenção e reparos. Ele chegou cedo naquele dia, bem antes do seu horário, pois estava ansioso para continuar seu projeto.

 Túlio não se contentava em consertar computadores. Ele queria ser um grande inventor. Ali, na loja de informática, ele tinha peças sobressalentes o bastante para trabalhar em suas invenções. Some-se a isso o fato de que seu pai é um dos ricos e bem sucedidos donos de uma fábrica de robôs, e ele tinha mais peças do que o necessário para fazer seus projetos.

 Na garagem de sua casa, que tinha três vagas para carros, só cabiam dois, porque a outra vaga estava tomado por suas invenções. Uma delas, da qual ele é particularmente orgulhoso, é um trio de robôs musicistas, que lêem partituras através de uma câmera e tocam, cada um, guitarra, trompete e acordeon com uma precisão quase humana.

 Eram raras as vezes em que ele precisava parar para, de fato, consertar computadores, o que lhe dava bastante tempo livre para mexer com o que ele gosta. Ele estava particularmente entretido em uma solda quando ouviu uma voz feminina falar:

 "É aqui mesmo que consertam computadores?" dizia a voz, meio que rindo.

 Túlio já estava se preparando para dar uma resposta mal educada quando se virou e deu de cara com Marcele.

 "Maru-chan!" disse ele, surpreso. "O que a traz aqui?"

 "Nada. Só tava passando por aqui e resolvi vir falar com você".

 A loja onde Túlio trabalhava se chamava "Informatica.com", sem acento mesmo. O dono achava que um nome como esse poderia atrair mais clientes, por ser algo chamativo e amigável. De fato, a clientela era boa e, geralmente, fiel, mas Túlio achava aquele nome chamativo e deplorável. O espaço, no entanto, era bem legal: haviam várias prateleiras espalhadas pela loja espaçosa, cheias de computadores, laptops, netbooks e acessórios. Havia, também, uma seção dedicada aos games para PC (que, por sinal, era aonde Pablo gastava a maior parte do tempo em que estava ali). Ocupando quase toda a lateral esquerda, havia, ainda, um espaçoso balcão, onde ficava o caixa e algumas peças pequenas. Era ali, também, que havia a bancada de reparos e, portanto, onde Túlio ficava durante seu turno.

 "Então, esse é seu mirabolante projeto?" disse ela, olhando para um emaranhado de fios e peças metálicas que ela simplesmente não entendia como poderia ser alguma coisa.

 "Na verdade, essa é só uma parte do projeto. Eu já terminei uma parte, que está em casa. Agora estou trabalhando nessa e, quando terminar, vou conectar tudo".

 Toda vez que Túlio falava sobre seus projetos, seus olhos pareciam brilhar. Marcele achava isso fofinho, mas achava, também, que, se ela falasse isso, o garoto poderia se envergonhar e perder esse brilho.

 "E quando é que você vai contar no que exatamente você está trabalhando?" perguntou ela.

 "Maru-chan, você sabe que eu não gosto de contar essas coisas antes que elas estejam prontas. Você sabe..." disse ele e, abaixando a voz, continuou: "Alguém pode ouvir".

 "Claro, claro" ela limitou-se a responder. Achava essas teorias conspiracionais fascinantes, porém, ridículas.

 "Ora, não fique chateada. Eu sei que você gosta das minhas invenções, mas eu realmente prefiro não contar. Não vá embora por isso" disse Túlio.

 "Ora essa, Tux. É verdade que eu gosto das suas invenções, mas não é por isso que eu estou aqui, é porque eu gosto de passar o tempo com você" ela disse, sorrindo.

 Túlio não acreditava: ela estava apaixonada por ele! Já tinha lido muito sobre amor na internet, mas nunca teve a oportunidade de se envolver com alguém na vida real. Seu coração acelerava, sua respiração ficava escassa, seu rosto suava... É claro que ele estaria quebrando o primeiro mandamento de Sheldon ("Não terás qualquer tipo de contato afetivo ou amoroso, incluindo o coito, com ninguém"), mas a sensação era incrível! O calor ia tomando conta dele como ele jamais julgaria possível. E ainda, ele não sabia por que, mas o calor parecia começar na palma de sua mão e irradiar por todo o seu corpo. Ele estava realmente pensando nisso quando Marcele falou:

 "Não dói ficar com a mão no ferro de solda, não?"

 Ele olhou instintivamente para a mão. Em seguida, com um solavanco, removeu-a da fonte do calor, gritando. Se ele estivesse em um anime, rios brotariam de seus olhos, pensou ele.

 "Baka-Tux" disse Marcele, complementando com um risinho.

[Leia a Parte 3]

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