sexta-feira, 8 de abril de 2011

Crônica Nerd #3: A Maior Viagem de Todos os Tempos - Parte 2/5


[Leia a Parte 1]

 Eles estavam em um corredor iluminado por tochas, ladeado por várias portas quase idênticas à que eles tinham acabado de abrir. No final do corredor, era possível ver o começo de uma escada que subia em curva. A voz do homem parecia estar vindo do andar de cima.

 "Então, vamos lá ver?" perguntou Túlio. Seus dois amigos pareceram hesitar, mas concordaram com a cabeça, e eles foram. À medida que se aproximavam da escada, podiam ouvir a voz do homem com cada vez mais clareza. Então, subiram a escada lentamente e, quando chegaram ao andar de cima, se encontraram em uma espécie de auditório. Várias pessoas estavam sentadas em cadeirinhas de ferro, viradas na direção de um homem não muito alto que andava de um lado para o outro e gesticulava animado enquanto discursava.

 A partir de agora, para uma melhor experiência e aproveitamento do leitor, vamos incluir textos que, na história, foram faladas em línguas diferentes do português, mas que, aqui, serão simplesmente traduzidas e colocadas em uma fonte diferente.

 "E enquanto vós estais aqui sentados confortavelmente, os Estados Confederados estão matando e usando escravos, como se fossem animais, ou coisa ainda pior do que animais. É por isso que eles merecem a guerra" dizia o homem de pé.

 "Galera, eu acho que ele está falando em inglês" disse Pablo. "Mas não sei. Parece um inglês diferente. Só vi coisa parecida em games de RPG".

 Os dois amigos tentaram prestar atenção no que o homem dizia, mas nenhum dos dois era tão bom em inglês quanto Pablo. Túlio sabia apenas o essencial para não se perder em meio a telas de erro e Marcele nunca se interessara realmente pela língua.

 "Então? Estão todos prontos?" continuou o homem de pé. "Então, que se faça a guerra!" bradou, ao que foi respondido por um urro revoltado por parte de todas as outras pessoas que estavam no auditório, que se levantaram e viraram, prontos para partir.

 O que aconteceu em seguida foi muito estranho: os homens que assistiam ao discurso viram os três amigos parados ali, de pé, olhando. Um deles gritou algo parecido com "Prisioneiros tentando escapar!", apontando para os três. O ministrador do discurso gritou algo como "Agarrem-nos!" e saiu correndo na frente, na direção deles, com uma arma parecida com uma espingarda muito antiga em punho. Em seguida, houve um alvoroço gigantesco quando todas as pessoas no recinto gritaram e começaram a se locomover na direção dos três.

 Pablo puxou Marcele, que puxou Túlio, e os três começaram a correr em direção à sala em que estava o Raio Temporal. O homem da espingarda em seu encalço. Entrando na sala, Marcele perguntou:

 "Legal, o que fazemos agora?"

 "Em primeiro lugar, como nós viemos parar aqui? E que raio de lugar é esse?" dizia Túlio, afoito.

 "Galera, eu acho que a gente fez uma viagem muito engraçada por aqui" disse Pablo.

 Os dois amigos se viraram para ele, ambos exibindo expressões que deixavam muito claro que eles não tinham achado aquele nem um pouco engraçado, mas não tiveram a oportunidade de descobrir o que o amigo estava pensando, porque, naquele momento, o homem da espingarda, que, só então eles repararam, estava vestindo algum tipo de uniforme militar, com várias medalhas no peito, entrou na sala, dizendo:

 "Então, vós achastes que poderíeis escapar de mansinho enquanto eu fazia meu discurso, não é verdade? Pois agora, por cima de seus cadáveres, o próprio Abe Lincoln vai me idolatrar, seus sulinos miseráveis" dizia ele.

 Pablo, então, teve de pensar muito rápido, e se abismou como era incrível a capacidade do ser humano de raciocinar quando tem uma espingarda apontada para seu crânio. Olhando em volta, percebeu que o ratinho ainda estava ali, parado, com aparência assustada, e ainda com o colar de Marcele nas patas. Olhou na direção do Raio Temporal, que também estava ali, parado, pedindo para ser acionado. E foi exatamente isso o que Pablo fez. Quando os amigos do discursista chegaram na sala, não tinha mais ninguém lá dentro.


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