sexta-feira, 6 de maio de 2011

Crônica Nerd #4: A Maior Batalha de Todos os Tempos - Parte 1/4


[Leia "A Maior Viagem de Todos os Tempos", a prequência desta crônica]

 Túlio abriu os olhos. Tratou logo de se certificar se seus amigos estavam bem. Marcele estava sentada no chão, parecendo abatida, com a espada repousada ao lado do corpo. Pablo estava se levantando, com Ratini ainda em uma de suas mãos e a espingarda na outra. Ele próprio estava apoiado em seus próprios joelhos, com a aljava presa a tiracolo e o arco em uma de suas mãos, apoiado no chão. Foi então que ele se lembrou: deveria procurar uma tomada assim que possível. Olhou à sua volta para tentar verificar aonde ou em que tempo estávamos. O choque que ele teve com isso o fez arregalar os olhos e soltar um berro que sobressaltou seus dois amigos e o rato.

 "Gente", bradava ele, "nós voltamos para casa!"

 Só então Marcele e Pablo olharam à volta. Decididamente era a garagem da casa de Pablo, apesar de alguns pequenos detalhes diferentes. Apenas um dos dois carros da família encontrava-se lá, estando o outro em uma posição inclinadamente peculiar. No canto onde ficavam as invenções de Túlio, bem como as gaiolas das cobaias, encontrava-se apenas uma pilha de escombros e metal retorcido.

 "Minhas invenções!" gritou Túlio, sobressaltado, e foi correndo examinar a pilha de destroços. Tanto tempo e pesquisas que agora se apresentavam perante ele com aparência duvidosa. Tudo por água abaixo.

 "Tux", começou Pablo, "acho que nós viemos parar um pouquinho além do ponto em que partimos". Quanto Túlio olhou para ele, com expressão catatônica, ele continuou: "Acho que estamos no futuro".

 A compreensão foi tomando conta de Túlio aos poucos, como uma onda que lentamente avança pelo mar, indo em direção à praia, até que finalmente se arrebenta.

 "No futuro", respondeu Túlio. "Então precisamos verificar quanto no futuro nós estamos", disse ele, se dirigindo à porta que conectava a garagem à área de serviços que, por sua vez, era conectada à cozinha.

 Entrou em casa, seguido por Pablo, ainda com Ratini nas mãos, e Marcele. Chamou primeiro por sua mãe e, não obtendo resposta, chamou pelo pai. Não havia ninguém em casa.

 Entrando na cozinha, ainda que fosse dia claro, tentou acender as luzes, mas o interruptor não funcionava. A lâmpada estaria queimada?

 "Tux", disse Marcele, "aqui na área também não acende. Parece que estamos sem luz".

 Seria um blecaute? Pablo, conhecendo a casa, dirigiu-se até um espaço na parede próximo à porta, onde ficava pendurado um calendário.

 "Aqui está marcando 25 de novembro de 2016" disse ele. "São só cinco anos no futuro, não acho que muita coisa deva ter mudado".

 Mas Túlio tinha um mau pressentimento. Algo que não parecia certo, e não era o jornal sobre a mesa, cuja primeira página apresentava a foto de um crânio de dinossauro estraçalhado e dizia em letras garrafais: "Velociraptor com chumbo no crânio ainda é mistério". Aproximou-se, então, da geladeira. Se sua mãe ainda gostava daquele iogurte especial que sempre o ajudava a pensar, ele estaria melhor.

 Infelizmente, quando abriu a porta da geladeira, não pode consumir nada do que estava lá dentro. O cheiro de alimentos em decomposição o sobressaltou quase tanto quanto a imagem de onde vinha o cheiro, e ele apressou-se a fechar a porta.

 "Certamente não é 25 de novembro de 2016 hoje", disse ele. "A casa deve ter sido abandonada há um bom tempo".

 Túlio olhou à sua volta. Algo não estava certo e ele tinha que descobrir o que era. Onde estavam seus pais? O que aconteceu com a casa? Avistou o telefone da cozinha e se dirigiu a ele, com a intenção de ligar para os pais.

 "Sem linha", disse ele, logo após pegar o fone. "Ótimo: sem luz, sem telefone, o que está havendo afinal?"

 Houve um silêncio após suas palavras, que só foi cortado quando Marcele começou a falar:

 "Tux", começou ela com a voz mais doce que conseguiu, apesar do nervosismo instalado no ar, "eu acho que, se a gente quiser respostas para o que está acontecendo, vai ter que sair daqui".

 Túlio sabia que ela tinha razão. O Raio Temporal não tinha energia para que eles tentassem voltar ao seu próprio tempo e, mesmo que conseguissem recarrega-lo, não saberiam para onde estão indo até que chegassem no local. Assim, sem dizer mais nada, saiu da cozinha, indo em direção à porta da frente, que estava destrancada. Marcele deu uma rápida olhada para Pablo e, com um aceno de cabeça, os dois decidiram seguir o amigo.

[Leia a Parte 2]

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