sexta-feira, 13 de maio de 2011

Crônica Nerd #4: A Maior Batalha de Todos os Tempos - Parte 2/4


[Leia a Parte 1]

 Quando abriu a porta, Túlio encontrou apenas uma rua deserta banhada pelo sol. Alguns carros estavam estacionados no decorrer da rua, mas nenhuma casa apresentava qualquer sinal de vida. Nem uma pessoa na janela, nem uma televisão ligada, nem ao menos um cachorro latindo, feliz por farejar uma pessoa.

 Tentaram entrar nas casas de Pablo e Marcele, que eram em ruas próximas, mas não encontraram ninguém em lugar algum.

 Finalmente, encontraram um supermercado aberto, apesar de não ter ninguém dentro. Mortos de fome, comeram o que encontraram que não estivesse com aparência podre. O lugar estava com alguns cartazes anunciando promoções de final de ano, mas nada que pudesse lhes dizer qual era a data corrente.

 "Galera", começou Pablo, enquanto se servia de um sanduíche de pão de forma com maionese, "e se nós viemos parar em um futuro bem distante, onde já não existem mais humanos?" continuou, demontrando uma grande preocupação na voz. "E se a vida foi extinta em 25 de novembro de 2016 e nós, por pura coincidência, acabamos em algum lugar depois do apocalipse?"

 Ninguém falou nada por algum tempo, até que, finalmente, Túlio encontrou o que falar:

 "Eu não acredito que isso tenha acontecido", disse ele. "Acho que, se ocorresse uma grande extinção em massa, ela deixaria rastros, não é verdade?"

 "Mas nós não encontramos nenhuma forma de vida animal até agora" disse Marcele. "Com certeza tem alguma coisa acontecendo, se todos os animais do mundo desapareceram".

 "Não seja tão generalista", disse Túlio. "Nós só andamos três quarteirões e você já está cogitando que todos os animais do mundo sumiram?"

 Mas eles continuaram andando por mais três quarteirões e não encontraram nada. Nem uma pessoa, nem um cachorro, apenas um pássaro que cantava alegremente em cima de uma árvore, e que fez Túlio dizer algo sobre como ele estava certo.

 A verdade era que ele queria, mais do que qualquer coisa, saber o que estava acontecendo. Queria encontrar seus pais e dizer a eles tudo o que estava pensando naquele momento. Queria encontrar os pais de seus amigos e dizer que sentia muito por te-los levado para viajar no tempo durante mais de cinco anos. Queria encontrar qualquer ser humano que pudesse lhe esclarecer o que estava acontecendo.

 Então, quando subiam uma ladeira, Túlio o viu. Decididamente, era um ser humano, e parecia ser um homem. Ele estava ajoelhado no quintal de uma casa, mexendo em alguma coisa com aparência viscosa.

 "Vejam!" disse Túlio, apontando para o homem, e fazendo seus dois amigos pararem de súbito.

 No entanto, Pablo e Marcele não foram os únicos a ouvir a voz de Túlio e se sobressaltar com ela. O homem também parou de mexer no que estava mexendo quando Túlio falou.

 "Vamos perguntar a ele o que está acontecendo" continuou Túlio, feliz. "Ele com certeza vai saber de alguma coisa".

 E já estava se dirigindo ao quintal da casa quando Pablo o agarrou pelo braço. Túlio olhou para o amigo sem entender nada e fez uma cara de incompreensão.

 "Tux", disse ele, "eu não acho que seja uma boa ideia".

 Túlio abriu a boca para falar, mas Pablo apontou para o local onde estava o homem. O homem estava, neste momento, tentando se levantar, e Túlio deu uma boa olhada no material aonde ele estava mexendo. Com certeza era algo bem viscoso. Estranhamente, parecia com um pedaço gigante de carne crua. Em um dos lados do monte de carne, Túlio pode ver o que ainda não tinha reparado: uma mão humana decepada. Aquilo o sobressaltou e Túlio, assustado, olhou para o homem que se virava para eles.

 A boca estava cheia de sangue, com os dentes completamente expostos. O rosto coberto por hematomas. Um dos olhos fora arrancado, e o outro estava arregalado. Quando ele gritou, o som fez cada pelo do corpo de cada um dos três amigos se arrepiar, um ruído ainda mais assustador do que o som do tiranossauro. Diante deles estava a criatura mais anormalmente estranha que eles já tinham visto, e eles não teriam morrido, paralisados pelo medo, se, depois do som de um disparo, a cabeça do homem não tivesse explodido.

 Parado a alguns metros de distância, segurando uma pistola de cano longo apontada para onde estava o homem sinistro, estava um outro homem, de aparência sadia, embora absurdamente branco. Foi então que os garotos o reconheceram. O cabelo estava maior, e a barba, sem aparar. As roupas de costume foram substituídas por um sobretudo castanho, mas não restavam dúvidas para nenhum dos três: haviam acabado de ser salvos pelo professor Eduardo "Snape" Pereira.

[Leia a Parte 3]

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