sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Crônica Nerd #8: Livros - Parte 4/5


[Leia a Parte 3]


 Foram alguns meses de luta, que passei, principalmente na frente de meu computador portátil. O livro que Elisa me apresentara se mostrou um excelente guia, mas é claro que ela não parou nele. Coletou a maior diversidade de livros de diferentes autores que expressavam a mesma ideia: um pedaço da vida do autor no mundo da imaginação. Procurei deixar meu próprio livro o mais original possível. 

 Elisa esteve do meu lado durante todo esse tempo, me ajudando, me orientando, e, acima de tudo, buscando mais livros. Por um instante, cheguei a pensar que ela gostasse mais de livros do que eu mesmo, mas acabei julgando o fato impossível.

 Quando finalmente parecia que estava tudo pronto, passamos para a parte da revisão. Lemos e relemos o projeto final várias vezes, até que tudo estivesse perfeito.

 O passo seguinte seria encontrar uma editora, algo que achei que seria muito fácil. Eu mal sabia o quão enganado eu estava.

 Procurei na internet alguns sites de grandes editoras e mandei meu material para elas. Semanas depois, recebi resposta de apenas algumas delas, todas rejeitando meu projeto, algumas dando até explicações, coisa que julguei admirável, mas que não me ajudou muito.

 “Um autor novo não pode dar certeza de vendas”, li uma das respostas para Elisa, abrindo outro e-mail. “Não conseguimos contatar suas referências”, dizia outro. “Infelizmente, a demanda de projetos é muito grande, e nem sempre conseguimos dar conta de todos”, li ainda outro. “Parece que eles nem leram meu livro”, reclamei com Elisa.

 “Calma, Ricardo”, ela dizia. “Eu não achava que você fosse conseguir mesmo com uma das grandes logo de cara, então andei pesquisando, sabe?”

 Não, eu não sabia. Achei realmente que estava sozinho agora, mas ali estava Elisa, sempre companheira. Eu nunca tinha pedido sua ajuda e, no entanto, ela nunca me abandonara. Senti-me imensamente grato por isso, enchendo-me de afeição por ela.

 Alguém pode achar estranho, mas foram exatamente estas palavras que surgiram em minha cabeça enquanto pensava no fato. Talvez devido às muitas horas de leitura, meu vocabulário acabou se tornando um pouco arcaico. Culto, porém arcaico.

 “Então”, continuou ela, depois de alguns segundos, “tem essa editora que eu encontrei que publica todos os projetos que recebe em pequena escala. A maioria das editoras publica aproximadamente três mil exemplares por remessa. Esta não é diferente, mas cada remessa dela contém aproximadamente cem títulos diferentes, somando trinta de cada. Não é muito, mas de início, acho que você poderia tentar”.

 E tentei. No dia seguinte, enviei meu material à editora, Elisa transparecendo muito mais animação do que eu. Uma semana depois, recebi uma grande surpresa.



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